terça-feira, 9 de setembro de 2014 0 comentários

Um café e uma reflexão sobre beleza

Não tive uma infância fácil, eu cresci sofrendo bullying devido ao meu cabelo cacheado - quase black power. E devido a isso na primeira oportunidade alisei ele e passei anos usando assim, liso, igual a todo mundo.
Durante esse tempo eu não percebi mas eu sofria diariamente pra me enquadrar em um padrão de beleza que vejo todos os dias nos meios de comunicação e redes sociais, aquela mulher magra com o cabelo a lá Gisele com a pele brilhosa, sobrancelhas bem feitas e maquiada "naturalmente".
Passava horas no salão, aplicava produtos fortes para lutar contra os cachos do meu cabelo, acordava meia hora mais cedo pra ter tempo de me maquiar e ter aquele efeito de maquiagem de beleza "natural". 
Demorei a perceber que eu não sou assim, talvez por falta de referências desde de criança de que a beleza é simples e diversificada. Na minha época todas as princesas da Disney eram brancas, magrinhas, delicadas, com cabelo liso - loiro em sua maioria; e eu cresci perguntando a minha mãe porque eu não tinha cabelo de princesa.
Comecei a perceber que toda beleza é natural e que as horas/dinheiro que gastava pra me enquadrar nesse padrão de beleza eram minutos a mais dormindo e me preocupando menos com o que vão achar do meu cabelo, que o dinheiro que gastava com produtos de cabelo e no salão poderia ser melhor empregado em um livro ou naquela viagem que eu sonhava em fazer.
Por fim, eu me cansei de tentar lutar contra o que realmente sou e assumir o que eu sou e gosto.
Entenda que isso não significa que aboli de vez da minha vida os produtos de beleza, eu aboli a obrigação de estar sempre seguindo um padrão...Não aliso mais o cabelo, mas pinto ele; não uso maquiagem todo dia, mas não saio de casa sem arrumar a sobrancelha (tenho uma cicatriz e elas são diferentes).
E hoje eu me sinto mais livre e linda do jeito que sou, quando me criticam por ser diferente eu pergunto se é legal ser igual a todo mundo na rua.


segunda-feira, 28 de julho de 2014 0 comentários

Um café e uma reflexão sobre os eternos amores.

Tomando um café e conversando com um grande amigo meu  (sim todas as reflexões desse blog surge de um café e um grande amigo-amiga), entramos nos assuntos dos corações partidos e desilusões e ele comentou daquela namorada que ele não vê a muitos anos mas continua gostando dela, embora não dê certo.
Comecei a reviver todos os meus amores do passado, as paixões mais simples e tórridas, as cheias de discussões e de lençóis revirados, de abraços apertados e de longas semanas de saudades.
Lembrei de um ex-amor, que até hoje lembro com carinho, o término não foi o mais sofrido da minha vida, não passei semanas vendo filmes românticos com um pote de sorvete cantando All by myself a la Bridget Jones. A dor foi devagarinho e pequena, foram longos dias e datas até tudo se transformar num saudosismo.
Conclui que todo mundo deve ter um amor assim, que talvez os grandes amores da nossa vida sejam assim…Surgem do nada, nos marcam de maneira simples e mansinha, vão embora e deixam um saudosismo dos dias felizes, dos abraços apertados e das risadas que tiram o fôlego.
Perguntei ao meu amigo, o motivo dela ter sido tão marcante dentre todas as moças que ele já saiu e ele respondeu: “Ela aceitava todos os meus defeitos e ria da maioria deles inclusive”.

terça-feira, 24 de junho de 2014 0 comentários

Um café e uma reflexão sobre a solidão


"Ninguém é feliz sozinho" - Dizia a música de Tom Jobim.

Tive um grande namoro, de longa data, daqueles que todos os amigos diziam que "vai dá em casamento"...Bem, deu em um belo pé na minha linda bunda.
Relações que terminam são complicadas, principalmente as que envolvem longas datas e vários amigos em comum. Depois de anos dividindo coisas com uma pessoa todos os dias, eu me vi só e sem saber como lidar com tudo isso.
Digo a você que lê esse meu texto, um pouco de solidão ao contrário do que todos dizem faz bem e um bem danado.
Aprendi que assistir um filme enrolada no cobertor só, também é bom.
Aprendi a ir naquele restaurante novo sozinha, mesmo que nenhuma das minhas amigas possa.
Aprendi que pegar o ipod e correr depois de um dia chatinho escutando aquela playlist é sensacional.
Aprendi que não tem nada de ruim em ver um filme só.
Aprendi que um livro e um café pode ser uma ótima companhia, as vezes a suficiente.
Aliás, tudo que você pode fazer quando você inclui aquela playlist que você adora e um bom livro fica suficiente e sensacional.
E você me pergunta se esse blog é de auto ajuda,  não, não é; escrevo sobre coisas que me vêm a cabeça, sobre coisas que me despertam alguma reflexão durante o dia.
Escrevo esse texto, pois sei que muitas se veem como eu me vi naquela época e que precisam aprender a tirar o melhor de si e isso não é fácil.
Aprender a ser só, significa fazer tudo que você tem vontade independente dos outros, significa aprender a ser independente, significa que a sua felicidade é dependente apenas de você.
E eu discordo de você meu caro Tom Jobim, todo mundo pode ser feliz sozinho.


quinta-feira, 19 de junho de 2014 0 comentários

Um café e uma breve reflexão sobre a mulher nos dias de hoje.


      Eu tenho 23 anos, falo português, frânces, inglês e espanhol; sou formada - em umas das melhores do universidades do país, estou aí terminando o mestrado, desde dos 19 que trabalho e estudo; e sou solteira. Apesar de todo esse meu currículo, publicações em eventos e congressos, as pessoas ainda valorizam a solteira mais que o resto e julgam que eu sou assim por valorizar demais a minha carreira ou por ser lésbica.
         Mesmo tendo o impulso de mandar quem diz isso para aquele canto em 4 línguas diferentes, eu me contenho em sorrir aquele sorriso amarelo e fazer alguma piadinha clichê.
         Não respondo a parte da lésbica, isso ficará para outro texto.
       Não entendo essa cobrança da sociedade de que eu devo ser protagonista de um comercial de margarina, não entendo mulheres que valorizam relacionamentos a tudo, não entendo os homens que olham primeiro a minha aparência e depois não se incomodam com o meu conteúdo, não entendo como a minha felicidade precisa estar associada a um relacionamento e não a carreira, ou então que eu sou obrigada a priorizar um e não ter os dois.
         E o principal, não entendo como as pessoas julgam que eu sou triste e depressiva por ser assim, que algo muito ruim deve ter acontecido no passado pra justificar que eu tão nova e linda não esteja com um homem que me faça feliz.
         Eu fui criada para ser inteligente, para não depender de ninguém, para fazer o que quisesse e não dar satisfações a alguém, para ser reconhecida pelo meu trabalho, ter um cabelo impecável, saber andar no salto 15 e acima de tudo educada, deve ser por isso que não mando as pessoas para aquele canto.
         Queria eu que todas as meninas tivessem uma criação assim e os meninos uma que ensinassem que a mulher pode ser assim, eu escutaria menos vezes "você se importa demais com a carreira", "vai acabar sozinha", "homem não quer mulher assim", "e os namorados?"...Dentre tantas outras perguntas inconvenientes.

Uma vez quando era pequena minha mãe me disse que eu poderia ser o que quisesse, eu escolhi ser mulher e ela poderia ter me dito que talvez o mundo não estaria pronto para a mulher que ela criou.


 
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